segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O mundo em mim

nas minhas cartas de solitude, onde o tempo se derrete em lembranças liquidas, quando o mundo se torna abstrato, e cada nota da grande sinfonia universal passa a soar dentro de mim até sair na forma de uma lágrima...
nesta hora em que sou o tudo e o nada, no limite onde morre o pensamento, e que flutuo na substância etérea da realidade além dos olhos, eu existo em cada nascer e em cada por do sol, em cada pequeno momento perdido de flor que se abre e desabrocha, todo sorriso, toda ferida aberta, estou no milagre da vida e no milagre da morte, sou mais do que os sonhos mais intensos, o explodir das estrelas supernovas, sou a faca que acaricia, a contradição do existir e o paradoxo do mundo.
entre meus dedos rangem as máquinas do futuro, a energia do átomo me atravessa os nervos, as florestas que caem e os desertos que crescem estão em minha pele. sinto em mim todas as pessoas e todas as emoções , o deleite, a glória, o amor, o horror, o ódio, a virgem que deseja, o assassino que se arrepende, todo aquele que espera e sente saudade, soldados, politicos, prostitutas, pais, enfermeiros, motoristas, namorados e desaparecidosem mim vivem todos, em uma existência na alma que rasga a superfície.
todo significado se perde no puro existir, e a substância me afoga em ondas colossais a quebrar no rochedo. no turbilhão da tempestade, um prelúdio, uma marcha, o universo contido nas notas que seguem piano e depois forte, um equilibrio e desequilibrio constante na dança da existência. e tudo flui através de mim em um deslizamento apocalíptido epifânico sobre o segredo revelado de tudo.

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