quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Levanta-se no ar o cheiro de grama cortada, e aquele frescor matinal comum às varandas de casas humildes, umedecidas pelo orvalho, as plantas do canteiro sorriem para o sol nascente. na escada de ladrilhos quebrados, tão antiga quanto os ancestrais, espano a terra para sentar-me e ouço o som dos pássaros despertando. sem paixões, a tranquilidade de nada querer do futuro nem indagar do passado. contemplo de olhos fechados sentindo o toque da manhã na minha nuca, apoiando a minha cabeça e me acalentando recém-acordado na continuação de um sonho. no céu duas parcas nuvens enfeitam a imensidão azul como um broche, ao horizonte impoem-se as corcundas dos morros, pontilhadas de detalhes para os pintores; com cercas, casebres, estradas poeirentas rangendo carros de boi, levando sementes, colheitas, esperanças quem sabe.

Meu amor me beija a testa, me chama para ir deitar, senta-se ao meu lado inocentemente como se não notasse sua própria beleza, eu a abraço. esqueço as certezas, as derrotas, esqueço o mundo, apenas sorrio.