terça-feira, 28 de setembro de 2010

Vazio

que ela não me quer eu já sei,
que a vida é incerta eu já sei,
que o universo não tem fim
eu já sei
só não sei mais como fazer poesia disso
do cotidiano antes mitológico
dos trejeitos da amada idealizada
da mesquinha angústia de viver
tudo isso tão moroso e devagar
é o cansaço do dia a dia?
é a vida que cai na monotonia?
não, não há mais vida
calou-se a música
acabou-se a festa
e a lua voltou a ser só satélite
e a rosa voltou a ser só flor

e das perguntas da vida
uma ainda resta à filosofia
que será de um poeta sem poesia?


(estou passando por uma pequena crise criativa, por sorte já tinha alguma coisa guardada, por isso ñ estranhem se eu ñ postar muito. ñ que isso vá fazer alguma diferença com apenas 2 seguidores...porém...)

Vida no interior

.
Plec-Ploc, Plec-Ploc
faz a ferradura sobre os paralelepípedos
Plec-Ploc, Plec-Ploc
e junto a batida do meu coração...
o movimento (parado)
de um mundo que se perdeu no tempo
e ficou assim sem passar
sem tais coisas como o "progresso"
uma extenção do tempo
uma hipérbole de tempo
onde o que é, não só foi
como continuará a ser no futuro
e a laranjeira depois do muro
com o mesmo fruto doce
que foi para o filho, o pai e o avô
aqui ainda se diz "Sim-sinhô!"
e acorda-se cedo pois:
"Deus ajuda quem cedo madruga!"
fala-se em Deus com a siceridade de quem sente
e vai-se domingo à missa
mesmo havendo pirraça
e a molecada corre depois
para tirar as roupas de domingo
e voltar para sua comunhão
pelos frutos, pelas pipas, pelos peões
pela eterna brincadeira de quem ainda não descobriu
que a vida é dura
e ela dura eternamente nesse tempo
que por não passar
conserva tudo que há de feliz
tudo que há de difícil, tudo que há de beato
nesta vida
Porta, Portão, Portêra
tudo no seu lugar
até a pronúncia dos 'erres'
e o murmurar quase engolindo
as palavras é o mesmo
desde sempre e sempre será
a pinga debaixo da pia
a água da talha
a árvore no terreiro
o tutu com couve
a mesma gente
nas mesmas cenas
em tantos lugares
a mesma vida
que passa sem passar
nesse tempo sem tempo
perdido em algum lugar.